domingo, 9 de fevereiro de 2014

HEGEL - O Papel da Arte na Transição da Existência Finita para o Infinito - PARTE 1


  

Campina Grande
11/2013
O Papel da Arte na Transição da Existência Finita para o Infinito

Introdução

O presente texto tem como objetivo fazer referência a algumas considerações acerca da concepção estética em Hegel, a qual se apresenta como um norte filosófico, tanto para sua época como também, em diversos aspectos, para a sua posteridade. Ainda que o presente texto considere toda esta relevância da participação deste autor para a história do pensamento humano, não é ambição do mesmo elaborar uma definição exaustiva ou mesmo explorar em toda a sua complexidade e extensão o tema proposto. Mas, apenas tem por finalidade a pretensão de fazer um recorte em sua obra, no tocante àquilo que Hegel trata acerca da arte e sua relação com o finito e o infinito, origem e propósito. Para tanto, o texto se apresentará como uma abordagem dos principais enfoques do autor neste sucinto, porém não menos excelente conceito em meio a tantos outros levantados por Hegel, examinando os fundamentos, propósitos e a importância da arte para o desenvolvimento do pensamento em sua jornada rumo ao absoluto.

Natureza e espírito finito

Para Hegel, a arte expressa aquilo que é universal, ela não se limita àquilo que venha a ser substância material ou exterior. Tal conceito é desenvolvido por meio de um exercício subjetivo do Espírito que enfim se estabelece por meio de suas representações artísticas. Este desenvolvimento ocorre por meio de três estágios basicamente característicos de um movimento dialético, sendo que entre o segundo e terceiro estágio a arte surge como elemento fundamental de transição para a efetivação da totalidade. Em primeiro lugar, a tese é apresentada na figura da Ideia Absoluta desprovida de forma e existência em “pura” subjetividade em si e para si. Em segundo lugar, a antítese se apresenta na contraposição da aparência posta na natureza, ou seja, é quando o Espírito Absoluto se desvela da ideia de si para a aparência de si e torna-se manifesta, é a ideia exteriorizada para fora de si. Emerge a concepção de natureza comum como antagônica, onde o espírito ainda não compreende que é algo posto por ele próprio enquanto ideia, ou seja, o indivíduo finito se vê em contraste com a natureza e cria mecanismos – tais como a ética e a ciência – de apreensão para tentar compreender o abismo que o mesmo coloca entre ele (enquanto sujeito) e a natureza (enquanto objeto). Neste segundo momento há uma separação entre aquilo que a consciência comum entende por natureza daquela ideia filosófica de uma natureza que não se opõe ao sujeito, pois já na filosofia idealista a natureza é posta pelo espírito. Quando o sujeito se entende como fundador dos objetos, ocupa então o lugar mais elevado. Assim, do senso comum ao entendimento filosófico da ideia de natureza é aberto o caminho para a subjetividade absoluta. Neste ponto, apesar de soar meio contraditório, no sistema hegeliano, tem, por outro lado, uma conotação de processo de convergência para o reconhecimento total do Espírito Absoluto. Aqui surge ainda a necessidade de se promover atividades que venham a organizar a existência tais como: necessidades físicas, da religião, do direito e das leis, da preocupação com a beleza. Assim, neste segundo estágio dialético, o espírito comum ainda entende a natureza como sendo além de si e isso faz com que tal espírito permaneça em um estado de não-liberdade, ainda que este contenha dentro de si esta justaposição de idealidade e objetividade enquanto concepção de um ser que é “alma” e “corpo”

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