Pensar sobre Deus é o maior ato da mente humana
Davi Gadelha Pereira
Sobre a invariabilidade de Deus e sua ausência de sentimentos
Então, em nossa última conversa vc se referiu a imutabilidade de Deus em relação à sua Palavra, ou seja, que Deus não muda em seus decretos ou mandamentos, acho que foi isso que entendi. Bom, já está mais que notado na Bíblia a mudança de Deus com relação ao que Ele diz, veja Êxodo 32:14 e Jonas 3:10, existem diversas situações como estas . Também é incoerente dizer que Deus não muda o que diz, mas que tem variação de ânimo com relação ao homem ao demonstrar sentimentos totalmente opostos em suas atitudes para conosco. Mas estas deduções são ainda infantis. Observemos que o versículo de Tiago que coloquei tem como contexto a bondade de Deus e não sua Palavra, neste caso, "bondade" é um atributo, assim como ira, amor, eternidade, etc, ora! se sua bondade não muda, porquê seu ânimo mudaria, se sua misericórdia é para sempre, porquê a sua ira também não o seria?? Todos os atributos de Deus, se Ele os tivesse de fato, assim como nós os entendemos, seriam plenos Nele, de maneira que se anulariam mutualmente. Quando a bíblia se refere à Palavra como eterna, não quer dizer que ela não mude, é bem diferente uma coisa da outra. O fato da Palavra de Deus ser atemporal, ou seja, o fato dela permanecer para sempre não quer dizer que ela não possa ser mudada ou alterada pelo próprio Deus, o qual pode fazer todas as coisas, o que quiser e bem entender. A Palavra é Dele e Ele pode dizer e desdizer o quanto quiser que permanecerá sendo eterna. O que eu tô chamando a atenção aqui é à própria imutabilidade da essência de Deus, a qual é sempre a mesma. Deus criou todas as coisas inclusive os sentimentos que os colocou em nós, seres humanos. Sentimento está aliado a sentidos, sensação, percepção, inclinação, e consequentemente, carnalidade. Somos sentimentais porque somos carnais e não porque somos espirituais. No espírito é onde está a firmeza, a perfeição, a "razão". Se formos guiados pela razão faremos sempre o que a lei de Deus manda e estaremos de acordo com ela, mas se nos deixamos guiar pelo sentimento, que é o que muitos místicos inclusive protestantes fazem, estão sendo guiados, na verdade, pelos seus próprios anseios. Não comecei a estudar a Palavra de Deus ontem não, fazem pelo menos 18 anos que me debruço na leitura e estudo de tudo quanto vc possa imaginar de coisas que falam das Escrituras. Portanto, quando venho a definir um pensamento, é porque cheguei a exaustão de verificá-lo. Bom, mas tudo isso é válido para o nosso crescimento e deleite intelectual e espiritual. Deus nos abençoe e vamos continuar debatendo. Bom veja também Salmo 33:11 onde os desígnios do coração de Deus duram para sempre, ou seja, a sua vontade, isso é referente ao tempo, mas que eles não são obrigados a serem sempre os mesmos, podem ser conflitados, porém a essência do que Deus é em si não pode variar, isso sim, seria uma incoerência com o todo de um Deus absoluto. Essência de uma coisa é aquilo que sem ela a coisa não é o que é. Logo se Deus muda como a natureza muda, Ele pode ser entendido panteísticamente, o que é absurdo. Por fim, quando em Malaquias Deus diz que não muda (verbo SHANÂ - mudar - Ml. 3:6), não há nenhum contexto que indique que seja sua Palavra, mas tão somente o prórpio ser de Deus, como o próprio verbo no hebraico indica. A chave a esse respeito é que Deus se arrepende, mas há uma palavra específica no hebraico para o arrependimento de Deus e outra para o arrependimento dos homens, pois são diferentes, o problema é que o povo quando lê mistura tudo aí vira um carnaval só. Podemos nos prolongar mais, porém acho que dá pra ter uma noção com estes argumentos epistemológicos, semânticos, lógicos, linguísticos, hermenêuticos e exegéticos. O problema é que na hora do almoço só da pra falar o geral, kkkkk, é preciso todo um exercício de aprofundamento passo-a-passo para que cheguemos perto de algu resultado satisfatório. Pensar sobre Deus é o maior ato da mente humana. Abraço! Shalon!!
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