Cristianismo para além dos cristãos
Onde está o Cristianismo? o que este conceito representa hoje para nós? será alguma instituição? há porventura alguém que o personifique?
Dizem que o cristianismo é uma religião, definição rasteira para algo que não se pode saber ou prever, que não se pode manipular, ainda que muitos o queiram, ainda que todos o queiram.
Segundo a Bíblia, o evangelho - aliás, nome pelo qual deve ser verdadeiramente conhecido o cristianismo - é poder de Deus, e, com isso, podemos imaginar que o cristianismo também o deve ser. Ao que podemos entender o Cristianismo enquanto forma universal da mensagem particular que é poder, considerando aqui, com maior precisão e relevância, a mensagem ao invés da sua forma ou meio de propagação. Assim, mensagem, que é poder de Deus, é o evangelho que, ao ser propagada se encorpa na forma de cristianismo. Eis aqui, seu fundamento, a saber: poder.
Mas, continuamos a indagar: onde está este poder? como ele é? o que ele é?
Perguntamos o onde antes do que é pelo simples fato de que, uma vez sabendo sua localização exata, poderíamos chegar a sua definição. Tarefa esta que, acreditamos ser impossível. Contudo, não o é.
O poder, pois, é algo que está aí, algo dado no mundo cuja linguagem falha e ambígua o tenta traduzir. Daí os ritos, as controvérsias, as discórdias.
O Cristianismo é objetivamente universal e plural, não limitado às instituições que o professam, é livre de todas, mas a todas e a todos abraça.
Ora, se o evangelho é poder, este só pode ter validade no coração, na alma, na razão. Não na razão humana, mas na razão sem razão de Deus. Razão sem razão é a razão antagônica, inlógica, atemporal, em termos bíblicos diríamos que os Pensamentos de Deus não são os nossos pensamentos. Porém, pensamento em Deus é poder. Poder não apenas de querer, mas de fazer sempre.
Podemos proibir o alcance da mensagem? Somos limitadores deste poder? pode o coração mais negro e pecador possuí-lo? Pois bem, este poder nos dá poder em oculto encontrá-lo na mais profunda lama de nossas ações decaídas, não pelo primeiro pecado inocente, mas porque teríamos que conhecer a verdade sobre nós. Que nós somos a verdade de Deus e Deus a nossa verdade. Por isso, é preciso entender agora que para além dos cristãos existe o poder, não o poder do "deus" das religiões - todas elas -, mas no poder de um algo que está contido na mensagem cristã mas não lhe é monopólio e a ela não se detém. Se o conceito de Deus pertence a religião, é preciso um outro termo para que possamos começar a destituir "Deus" de toda religião, para que, em fim, possa ser, finalmente o "Deus" ao qual pertence o cristianismo, e, não o "Deus" que é pertencido pelo cristianismo. Prefiro chamar, tal Ser, de Algo.
Por Davi Gadelha Pereira
Continua...
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