Parte - II
Como já foi mencionado anteriormente, Schopenhauer procura desenvolver a
sua filosofia tentando unir sujeito-objeto/objeto-sujeito, buscando
desconsiderar que exista hierarquia de influencia quanto a estas duas
entidades. Tenta então fundir o ideal e o real em uma confusa teoria do
conhecimento que assimila elementos kantianos e empiristas além de criar
outras possibilidades que são pouco convincentes.
OBJEÇÕES A DOUTRINA DE SCHOPENHAUER SEGUNDO AS PROPOSTAS DE BERKELEY
Quanto ao real e o ser-em-si
Berkeley descarta o real da maneira como se entende na filosofia, como
sendo a matéria exterior as representações do próprio sujeito, esta
realidade para ele não existe;
Há certo equívoco em pensar que o real seja a coisa-em-si, tal equívoco
estava atormentando a tradição filosófica até Berkeley, daí Hume tenta
restabelecer o ceticismo, mas é em Kant que se tenta uma maneira de unir
ambas as escolas, mas sem sucesso. Schopenhauer adota o mesmo caminho
trilhado por Kant;
A coisa representada é para os seus antecessores a possível coisa-em-si,
já Schopenhauer cria a vontade para não confundir coisa representada
com coisa-em-si;
Não há uma necessidade de haver uma relação ou conexão categórica entre
ideal e real a não ser por vaidade filosófica expressa em opiniões de
não aceitação;
Berkeley definitivamente aboliu o materialismo provando a
impossibilidade de uma coisa-em-si que subsista além de representações
ideais pondo fim a este equívoco filosófico, assim uma vez provando-se
categoricamente um idealismo sustentável – inclusive com bases empíricas
–, já não há mais espaço para tentativas vãs de ressuscitar tal
discussão, ainda mais com propostas infundadas;
Quanto à vontade
Para haver vontade naquilo que se entende por este termo na filosofia – E
Schopenhauer não se afasta disso, pois sua vontade é uma vontade de
querer –, se faz necessário o pressuposto de uma consciência, como pode
algo quer e influenciar a consciência do humano sem que esse algo tenha
em si mesmo consciência?;
A única vontade que podemos conhecer é a do sujeito que pensa que é ativo;
A vontade Schopenhauer seria em Berkeley inalcançável sem uma mente consciente;
A vontade fundamenta-se em uma consciência e objetiva algo, não pode
ser desconhecida e arbitrária, assim como se apresenta na filosofia de
Schopenhauer;
A vontade depende da representação para acontecer, ou seja, está subordinada a representação do sujeito que a representa;
A vontade como a conhecemos só se manifesta enquanto representação da
ação causada na consciência; se a vontade em Berkeley pertence apenas às
mentes que conhecem e percebem, o ser-em-si só pode ser estas mentes
(humana e divina) não podendo haver uma vontade arbitrária cosmológica;
(Davi Gadelha – 3º ano)