Campina Grande
11/2013
O
Papel da Arte na Transição da Existência Finita para o Infinito
Introdução
O presente texto tem
como objetivo fazer referência a algumas considerações acerca da concepção
estética em Hegel, a qual se apresenta como um norte filosófico, tanto para sua
época como também, em diversos aspectos, para a sua posteridade. Ainda que o
presente texto considere toda esta relevância da participação deste autor para
a história do pensamento humano, não é ambição do mesmo elaborar uma definição
exaustiva ou mesmo explorar em toda a sua complexidade e extensão o tema
proposto. Mas, apenas tem por finalidade a pretensão de fazer um recorte em sua
obra, no tocante àquilo que Hegel trata acerca da arte e sua relação com o
finito e o infinito, origem e propósito. Para tanto, o texto se apresentará
como uma abordagem dos principais enfoques do autor neste sucinto, porém não
menos excelente conceito em meio a tantos outros levantados por Hegel,
examinando os fundamentos, propósitos e a importância da arte para o
desenvolvimento do pensamento em sua jornada rumo ao absoluto.
Natureza
e espírito finito
Para Hegel, a arte
expressa aquilo que é universal, ela não se limita àquilo que venha a ser
substância material ou exterior. Tal conceito é desenvolvido por meio de um
exercício subjetivo do Espírito que enfim se estabelece por meio de suas
representações artísticas. Este desenvolvimento ocorre por meio de três
estágios basicamente característicos de um movimento dialético, sendo que entre
o segundo e terceiro estágio a arte surge como elemento fundamental de
transição para a efetivação da totalidade. Em primeiro lugar, a tese é
apresentada na figura da Ideia Absoluta desprovida de forma e existência em
“pura” subjetividade em si e para si. Em segundo lugar, a antítese se apresenta
na contraposição da aparência posta na natureza, ou seja, é quando o Espírito
Absoluto se desvela da ideia de si para a aparência de si e torna-se manifesta,
é a ideia exteriorizada para fora de si. Emerge a concepção de natureza comum
como antagônica, onde o espírito ainda não compreende que é algo posto por ele
próprio enquanto ideia, ou seja, o indivíduo finito se vê em contraste com a
natureza e cria mecanismos – tais como a ética e a ciência – de apreensão para
tentar compreender o abismo que o mesmo coloca entre ele (enquanto sujeito) e a
natureza (enquanto objeto). Neste segundo momento há uma separação entre aquilo
que a consciência comum entende por natureza daquela ideia filosófica de uma natureza
que não se opõe ao sujeito, pois já na filosofia idealista a natureza é posta
pelo espírito. Quando o sujeito se entende como fundador dos objetos, ocupa
então o lugar mais elevado. Assim, do senso comum ao entendimento filosófico da
ideia de natureza é aberto o caminho para a subjetividade absoluta. Neste
ponto, apesar de soar meio contraditório, no sistema hegeliano, tem, por outro
lado, uma conotação de processo de convergência para o reconhecimento total do
Espírito Absoluto. Aqui surge ainda a necessidade de se promover atividades que
venham a organizar a existência tais como: necessidades físicas, da religião,
do direito e das leis, da preocupação com a beleza. Assim, neste segundo
estágio dialético, o espírito comum ainda entende a natureza como sendo além de
si e isso faz com que tal espírito permaneça em um estado de não-liberdade,
ainda que este contenha dentro de si esta justaposição de idealidade e
objetividade enquanto concepção de um ser que é “alma” e “corpo”
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