Teleologia e esperança em Kant:
O encontro entre natureza e liberdade
Adriano Beraldi
*
Vitória (ES), vol. 1, n. 1 SOFIA
Agosto/Dezembro – 2012 Versão eletrônica
*
UFES - adriano.beraldi@gmail.com
2
Resumo: o presente artigo busca refletir acerca da convergência entre a concepção kantiana da história,
apresentada na obra Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, e sua visão religiosa,
principalmente expressa em A religião nos limites da simples razão. O que se pretende é demonstrar como
esse procedimento significa, para Kant, que deve haver uma razão que se realiza tanto no campo históric o
quanto no da religião, tendo em vista o agir moral, o que lhe permite promover a harmonização entre
natureza e liberdade.
Palavras-chave: História; Religião; Natureza; Liberdade; Felicidade.
Abstract: this paper aims to reflect about the convergence between Kant‟s conception of history, presented
in his Idea of a universal history based on the principle of world-citizenship, and his religious view which is
mainly expressed in Religion within the limits of reason alone. The goal is to demonstrate how this
procedure means, for Kant, that there must be a reason which takes place both in history and in the field of
religion with respect to the moral act, which allows him to promote harmony between nature and freedom.
Keywords: History; Religion; Nature; Freedom; Happiness.
Introdução
Em Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita – que, surgido em
1784, pode ser considerado um dos primeiros trabalhos de filosofia da história alemã – Kant
entende em um sentido muito peculiar a razão se realizando na história. Nesta obra, a racionalidade
do mundo se encontra manifesta pelo que o pensador classifica, de um ponto de vista metafísico,
como leis naturais universais. Assim, ele busca, permeando qualquer manifestação, mesmo aquelas
que dizem respeito aos mais estritos atos de liberdade da volição humana, um fio condutor de cariz
teleológico: um contínuo e progressivo desenvolvimento de nossas potencialidades rumo ao
máximo aperfeiçoamento moral.
Claro, há irregularidades nesse curso. Estas, encontradiças ao longo da construção de nossa
civilização, muitas vezes parecem demonstrar justamente o contrário do que o filósofo propugna. A
conduta humana particular no decorrer dos tempos, via de regra, tem sido tão pródiga em
manifestações de infâmia, infantilidade e quejandos descompassos, que faz parecer, a uma primeira
vista, que a tentativa de descortinar em nossa história um propósito unificado seria dificilmente
qualificável como racional.
Contudo, a racionalidade proposta por Kant, neste caso, transcende o âmbito dos indivíduos.
A regularidade progressiva vista por ele na história tem como objeto, não nossas vivências
particulares, mas as coletivas; não o homem, mas a humanidade. Para a teleologia da história
kantiana, o que se mostra desordenado nos sujeitos individuais deve ser perceptível no gênero
humano do modo oposto. Então, a despeito de nossas vicissitudes enquanto indivíduos, nossa
3
espécie está naturalmente destinada, pela própria necessidade racional, ao seu pleno
desenvolvimento.
Porém, como podemos constatar na segunda Crítica de Kant (a Crítica da razão prática), se
a natureza diz respeito a uma causalidade de cunho determinista, estando oposta àquela
correspondente à liberdade, de que modo estaríamos, mesmo quanto ao gênero humano co mo um
todo, destinados naturalmente, dado sermos eminentemente seres livres? Está, portanto, posta a
necessidade da existência de um campo para compatibilização entre os conceitos de natureza e
liberdade no quadro do pensamento prático kantiano.
Sendo assim, vejamos como ele trabalha a harmonização destes dois conceitos nessa visão
teleológica da história da civilização. Com esse procedimento, poderemos cotejá -la com sua não
menos peculiar concepção religiosa desenvolvida em A religião nos limites da simples razão, lá,
onde é também notável o interesse da razão prática em tal harmonização. Será, pois, a tentativa da
demonstração das simetrias existentes em ambas as concepções, expressas nas duas obras
supracitadas, o escopo do presente esforço e, nessa reflexão, buscar entender o modo como nosso
pensador logra promover o referido acordo entre natureza e liberdade.
As teleologias da história e da religião
Dividido em nove proposições, o opúsculo Idéia de uma história universal de um ponto de
vista cosmopolita
1
, traz um Kant interessado em reconhecer o fio condutor que leva a história
humana à realização de seu fim último. Esse progresso teleológico dá-se, diz o pensador,
independente da percepção dos indivíduos que o seguem. Cada ser humano, buscando seus
interesses particulares – comumente uns contra outros – promove, desse modo, aquilo que Kant
chama de propósito da natureza. Assim, antes de mais nada, cumpre-se a exata compreensão do que
está aqui sendo classificado por natureza.
Na Critica da razão pura (que em sua primeira edição antecede a da Idéia em três anos),
Kant, numa seção da Lógica transcendental denominada Analítica transcendental, distingue o
conceito de natureza sob dois aspectos: o material, referente ao empírico conjunto fenomênico da
multiplicidade das nossas representações em geral (a natura materialiter spectata)
2
; e o formal, que
diz respeito ao ordenamento realizado sinteticamente pelas categorias a priori de nosso
entendimento na recognição daquele múltiplo considerado (a natura formaliter spectata), isto é, a
ordem e a regularidade dos fenômenos de acordo com a “natureza do nosso espírito”, um
1
Obra doravante denominada no texto apenas como Idéia.
2
Cf. KANT, Crítica da razão pura, pp. 155 e 156.
4
fundamento interno de causalidade que já contém em si, objetivamente, os princípios subjetivos da
unidade sintética.
3
Embora não explicitado por Kant, isto acaba por significar que o funcionamento
de nossa capacidade cognitiva segue uma necessidade lógica racional mais “apriorística” que as
próprias categorias a priori do entendimento
4
. Além disso, na mesma obra, mas já no âmbito das
considerações da seção Dialética transcendental, a natureza é tomada pelo mundo considerado
como um todo dinâmico, atendendo
[...] não à agregação no espaço ou no tempo para o realizar como uma grandeza, mas à
unidade na existência dos fenômenos. Neste caso, a condição do que acontece chama-se a
causa e a causalidade incondicionada da causa no fenômeno denomina -se liberdade; a
causalidade condicionada recebe o nome de causa natural no sentido mais estrito. O
condicionado na existência em geral designa-se por contingente e o incondicionado por
necessário. À necessidade incondicionada dos fenômenos pode chamar-se necessidade
natural [grifo meu].
5
Assim, seria a partir desse sentido formal de natureza, da necessidade incondicionada dos
fenômenos (ou seja, tal como nos aparecem e não como são em si) apresentados na primeira
Crítica, que Kant teceria suas considerações na Idéia. De outro modo, o esforço de sua filosofia
prática em conciliar a causalidade da natureza (em sentido geral), cuja metafísica é trabalhada na
Crítica da razão pura, com a causalidade da liberdade, exposta na Crítica da razão prática estaria,
de saída, baldado, uma vez que constituiria o fulcro aporético da terceira antinomia da razão pura
da primeira Crítica
6
.
Contudo, na Idéia, distinguindo a mera acumulação de eventos da história empírica, que
chama de Historie, da história do mundo, denominada Weltgeschichte, o pensador elege esta
segunda como um projeto: trata-se de estabelecê-la a partir da idéia de “(...) como deveria ser o
curso do mundo, se ele fosse adequado a certos fins racionais”
7
. Então, esse sentido da história,
3
Ibidem, pp. 167 e 168.
4
Entenda-se: a despeito da epigênese da razão pura que as categorias r epresentam para o nosso pensador, é
inevitável que consideremos que há, ainda que não cognoscível em si pelo nosso entendimento, mas indicada
pelo nosso irrefreável e inato tender ao que nos transcende (alvo, justamente, da crítica kantiana, mas
reconhecido por ele como uma espécie de motus acrítico ao conhecimento), uma certa “ordem racional” que
conforma toda nossa cognição, algo como uma “natureza incondicionada geral”, obviamente, não trabalhada por
Kant dentro dos limites da razão pura, mas que, nem por isso, deve alijar-se de nossas considerações. De tod o
modo, apenas cito aqui esse questão. Tal reflexão extrapolaria em muito o escopo deste artigo, ficando para
considerações posteriores sua aprofundada apreciação.
5
KANT, Crítica da razão pura, pp. 387 e 388.
6
KANT, Crítica da razão pura, pp. 408 a 411.
7
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 20. Cf. também a esse respeito,
TERRA, Algumas questões sobre a filosofia da história em Kant, pp. 44 e 45 (publicado como apêndice a esta
mesma tradução citada).
5
idealizado, e, portanto, não -incondicionado, diz respeito ao que é “(...) realizável sob certas
condições. Estas condições são o que Kant indica com o termo „natureza‟”
8
, esta sim, tomada
fenomenicamente, uma necessidade incondicionada, mas, do ponto de vista prático, submetida ao
fundamento da exigência de um mundo racional, isto é, a liberdade, de todo modo, incondicionada.
Será, pois, nesse sentido, digamos, heurístico, que nosso pensador reconhecerá um propósito que
viabilize
[...] uma história segundo um determinado plano da natureza para criaturas que procedem
[individualmente] sem um plano próprio. Queremos ver se conseguimos encontrar um fio
condutor para tal história e deixar ao encargo da natureza gerar o homem que esteja em
condição de escrevê-la segundo este fio condutor.
9
Que natureza? A natureza humana, cujas exigências de uma ordem racional, condicionando
as próprias estruturas de nosso entendimento, não se detém diante da impossibilidade do
conhecimento numênico do real. Daí as primeiras palavras de Kant na Idéia serem precisamente
estas:
De um ponto de vista metafísico [grifo meu], qualquer que seja o conceito que se faça da
liberdade da vontade, as suas manifestações [Erscheinungen] – as ações humanas –, como
todo outro acontecimento natural, são determinadas por leis universais.
10
Não obstante, esta estratégia, dando azo à nossa natural necessidade daquela ordem
racional, nem por isso, no campo prático, constitui um procedimento não formal, haja vista partir
de um horizonte claramente conceitual. Há que se notar, por fim, que “forma” aqui, contraposta a
conteúdo, significa estrutura de universalidade: o critério da filosofia prática kantiana é formal
porque o que se busca não é o resultado (o prazer, o lucro, os benefícios, enfim, os apelos
“materiais”) que nossa ação possa trazer, já que, de um modo ou de outro, redunda sempre
contingente, mas o princípio da universalidade, ou seja, aquilo que todo ser racional
necessariamente experimenta a priori. Ainda assim, veremos, Kant percebe que o fim de nossas
ações, dada nossa própria natureza, não pode ser ignorado. Portanto, justamente o que levava aos
paralogismos e às aporias descritas na primeira Crítica, a partir da Idéia – e de toda a obra kantiana
8
CHIODI, La filosofia kantiana della storia. In Rivista di Filosofia (58), p. 280, apud TERRA, p.49.
9
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, pp. 4 e 5.
10
Ibidem, p. 3.
6
de cunho prático
11
– permite agora dirigir nossas ações independentemente da mecânica causal dos
fenômenos, pois a liberdade, noumenon por excelência, é o que fundamenta a lei moral que nos
orienta. Então, numenicamente, a natureza das ações humanas pode ser considerada sem
contradição como determinada por “leis universais”.
Isto posto, temos que na Primeira proposição da Idéia, Kant parte do pressuposto de que
todas as nossas disposições naturais (como as de qualquer outra criatura) destinam-se,
teleologicamente, ao seu completo desenvolvimento. Do contrário, não haveria na natureza uma
racionalidade normatizadora. Ora, dada sua intrínseca condição, no homem essas disposições
dizem respeito ao uso da característica exclusiva de sua espécie: a faculdade da razão. Ocorre que
tal faculdade trabalha, não à maneira do instinto apresentada em outros seres, mas pelo
procedimento da tentativa e erro e a transmissão do conhecimento ao longo das gerações, num
progresso paulatino até a perfacção de todas as disposições humanas, pois, no homem, a superação
da “ordenação mecânica de sua existência animal”
12
é o que há de natural, tendo em vista aquela
sua mais própria faculdade. Isso se dá, justamente, pela liberdade da vont ade humana que se funda
na razão. Então, de modo análogo ao descrito na segunda Crítica, onde a determinação da vontade,
impondo-se independente de princípios empíricos, dava-se a priori na lei moral como um factum
da razão
13
derivado da liberdade, devemos tirar de nós mesmos, livremente, a nossa felicidade ou
perfeição.
Mas como falar de felicidade, o mero fundamento de normas hipotéticas, no rigoroso
quadro da deontologia kantiana? É que, embora o imperativo categórico nos vete um agir moral em
função da felicidade, a questão da finalidade desse agir
14
não nos é racionalmente indiferente.
Mesmo diante do fato de que devemos agir moralmente apenas pelo dever não podemos
simplesmente nos mostrar desinteressados se os justos são bem sucedidos ou não. Uma reali dade
onde estes fossem amiúde malogrados seria por demais negativa e, sobretudo, por definição,
irracional. Então, o agir pelo dever não finalisticamente de um lado, e de outro, a exigência racional
de uma certa ligação da justiça com a virtude – e destas com a felicidade – são os pólos que, no
campo de sua filosofia prática, fazem com que Kant postule tanto a persistência da alma quanto a
existência de Deus, e passe, assim, às suas considerações religiosas. Ou seja, na arquitetônica
kantiana, a necessária racionalidade do real é o que suscita de modo análogo tanto sua filosofia
11
Vale notar que a Idéia antecede não só a Crítica da razão prática, de 1788, mas até mesmo a Fundamentação
da metafísica dos costumes, que lhe é posterior em um ano, vindo à luz em 1785.
12
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 6.
13
Ou seja, uma determinação como realidade objetiva da razão prática pura, tendo em vista a representação da
lei moral.
14
Reverbera aqui a teleologia aristotélica: não pode haver nenhum agir sem uma finalidade. Cf.
ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco, I, i e ss.
7
prática da história, presente na Idéia, quanto sua filosofia prática da religião, trabalhada na Religião
nos limites da simples razão
15
.
De todo modo, esse procedimento progressivo, nos informa Kant na Segunda proposição,
necessitando de um tempo demasiadamente longo, demandaria não uma só existência, mas várias,
talvez mesmo uma indefinida série de gerações que conduzissem na espécie humana o germen
natural “àquele grau de desenvolvimento que é complemente adequado ao seu propósito”.
16
Destarte, as gerações passadas, ainda que inadvertidamente, lançaram os fundamentos para
a edificação de nosso propósito natural, o que implica na interessantíssima constatação, por parte
de Kant, na Terceira proposição, de que
[...] somente as gerações posteriores devam ter a felicidade de habitar a obra que uma
longa linhagem de antepassados [certamente sem esse propósito] edificou, sem mesmo
poder participar da felicidade que preparou. Por enigmático que isto seja, é, entretanto,
também necessário, quando se aceita que uma espécie animal deva ser dotada de razão e,
como classe de seres racionais, todos mortais, mas cuja espécie é imortal, deve todavia
atingir a plenitude do desenvolvimento de suas disposições.
17
Já podemos notar aqui que, se no campo prático -religioso, a razão nos obriga a postular a
imortalidade da alma (e a existência de Deus) para a conjugação no indivíduo entre o agir virtuoso
e a felicidade no outro mundo, no âmbito prático -histórico, o curso dos acontecimentos humanos,
vistos universalmente, encontra equivalente exigência: a imortalidade da espécie é o que garante
tempo suficiente para sua felicidade terrena, no desdobrar futuro do pleno desenvolvimento de suas
disposições. O curioso é o mecanismo de que a natureza se utiliza para a realização dessas
disposições: o antagonismo intrínseco à “insociável sociabilidade”, uma inata e evidente tendência
à sociabilização axialmente relacionada à constante ameaça de sua dissolução. Para Kant, por um
lado, temos uma inclinação para a sociabilidade, pois sentimo -nos mais humanos diante das
possibilidades de desenvolvimento de nossas disposições naturais que tal estado nos proporciona;
por outro, possuímos também uma forte tendência ao isolamento, dada a qualidade insociável que
nos habita e que nos conduz apenas ao nosso próprio interesse, fazendo com que tanto nos
oponhamos aos outros, quanto esperemos deles semelhante oposição.
Pois, a solução para o que vemos aqui é aquilo que na terceira parte da Religião será
desenvolvido no âmbito da eclesiologia kantiana. Entendendo, como na Idéia, que a convivência
15
Sua publicação data de 1793. Esta obra será doravante denominada no texto apenas como Religião.
16
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 6.
17
Ibidem, p. 8.
8
humana nos incentiva ao mal, Kant a considera um campo bastante propício para as influências
negativas. Para combater tal estado de coisas é necessário um estímulo à moralidade. Aí entra o que
ele chama de “igreja invisível”: um conjunto de pessoas que se convocam mutuamente ao dever
moral, isto é, a agir segundo o imperativo categórico do dever, em vista de sua universalidade. É
desde a visão da religião como “povo de Deus” em função de um “reino dos fins” que podemos
compreender o conceito kantiano de comunidade ética. Claro, essa é uma noção bastante singular
do imperativo categórico; e é o próprio Kant quem o constata:
Temos, pois, aqui um dever de índole peculiar, não dos homens para com homens, mas do
gênero humano para consigo mesmo. Toda a espécie de seres racionais está objetivamente
determinada, na idéia, a saber, ao fomento do sumo bem como bem comunitário. [...] é
uma idéia completamente diversa de todas as leis morais [que concernem àquilo que, pelo
que sabemos, está em nosso poder], a saber, a atuar em vista de um todo a cujo respeito
não podemos saber se ele está, como tal, também em nosso poder; por isso, este dever,
quanto à índole e ao princípio, é diferente de todos os outros.
18
Será justamente como pressuposto a tal peculiar idéia que o conceito de Deus, como um ser
moral superior, aparecerá aqui. Na medida em que a moralidade das ações diz respeito apenas ao
indivíduo, interiormente, a noção de comunidade ética – que, enquanto comunidade, é exterior por
natureza – necessita de outra instância legisladora capaz ordenar e promover em comum o agir
moral. Não podendo ser da ordem da coação
19
, esse supremo legiferar deve ser conce bido como
partindo de
[...] um ser relativamente ao qual todos os verdadeiros deveres, portanto, também os
éticos, se hão-de representar ao mesmo tempo como mandamentos seus; o qual, por isso,
deve igualmente ser um conhecedor dos corações, para penetrar no mais íntimo das
disposições de ânimo de cada qual e, como deve acontecer em toda a comunidade,
proporcionar a cada um aquilo que seus atos merecem.
20
Este, portanto, é o sentido que Kant atribui ao conceito de Deus como soberano moral do
mundo. E sua comunidade ética, a igreja propugnada pelo pensador, o povo de Deus unido sob seus
estatutos, em tudo concordes com a lei moral, como mandamentos divinos.
18
KANT, A religião nos limites da simples razão, pp. 103 e 104.
19
Pois tal redundaria em pura heteronomia, o que, no pensamento moral do iluminista Kant, seria inaceitável.
Continua valendo, mesmo para este peculiar dever comunitário, a regra primordial da autonomia (que é, afinal,
um dos postulados da razão prática) no acatamento dos imperativos morais: se devemos, podemos.
20
KANT, A religião nos limites da simples razão, p. 105.
9
Mas, voltando ao encaminhamento que Kant dá à reflexão sobre a “insociável
sociabilidade” na Idéia, é justamente aquele antagonismo, próprio das relações sociais, que nos
açula, que nos move em direção à superação de nossa tendência à inação, o que nos leva também à
necessidade da promoção dessa comunidade ética. Assim, na Quarta proposição, temos que o
indivíduo é movido
[...] pela busca de projeção [Ehrsucht], pela ânsia de dominação [Herrschsucht] ou pela
cobiça [Habsucht], a proporcionar-se uma posição entre companheiros que ele não atura,
mas dos quais não pode prescindir. Dão-se então os primeiros e verdadeiros passos que
levarão da rudeza à cultura, que consiste propriamente no valor social do homem; [...] com
o tempo [têm início] as toscas disposições naturais para o discernimento moral em
princípios práticos determinados e assim finalmente transformar um acordo extorquido
patologicamente para uma sociedade em um todo moral.
21
Essa inegável dialética kantiana – que em nada assemelha-se à dialética transcendental da
primeira Crítica, mas que igualmente dista daquela hegeliana
22
– é o que faz com que aflorem
socialmente as faculdades humanas que, de outro modo, permaneceriam numa vida “arcádica” e
pacífica, em estado latente, apenas em germe: jazeríamos em um “sono eterno”, não
preencheríamos o “vazio da criação em vista de (nosso) fim como natureza racional”.
23
Não obstante, na medida em que os impulsos naturais
24
levam à insociabilidade e esta à
oposição geral, se produzem, de um lado, os males descritos na Religião – que nada mais são que
os vícios do desvirtuamento da disposição para o bem da humanidade (em inveja, rivalidade, ou na
abominável, mas bem tangível, Schadenfreude, i. e., a alegria pelos prejuízos alheios) –, de outro,
também promovem com a tensão de forças implicadas o desenvolvimento de soluções para o
alcance e o aperfeiçoamento do estado cosmopolita, cuja gênese e estrutura serão o alvo das cinco
seguintes proposições na Idéia.
21
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, ps. 8 e 9.
22
A despeito de algumas interpretações como as de E. Jacobi, Ricardo Terra, em seu supracitado artigo, ressalta
que esse antagonismo refere-se a um desenvolvimento contínuo e não propriamente a uma Aufhebung. Para
tanto, evoca as palavras de K. Weyand, segundo o qual “a correlativa ação conjunta de iso lamento e associação
na verdade leva ao desenvolvimento, não se suprime (aufhebt) em um mais alto nível de cultura, mas continua
existindo e, mesmo no estado cosmopolita postulado, não desaparece”. Cf. TERRA, op. cit., p.62, n.93.
23
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 9. Parece-me importante
observar que não devemos ver aqui um insight darwinista avant la lettre: existe, ao contrário, uma clara
determinação dessa natureza, onde não há espaço para o acaso que é fundamen tal na teoria da seleção natural.
24
E aqui trata-se mesmo do aspecto até certo ponto pático da natureza humana, num espelhamento da tendência
originária para o bem na determinação do homem quanto a sua disposição para a humanidade como ser vivo e
racional, tal qual exposto na primeira parte da Religião (cf. p. 33).
10
Deste modo, a Quinta proposição já traz um problema: o alcance de uma sociedade civil
que seja universalmente justa, e que permita, ao mesmo tempo, a máxima liberdade para o
desenvolvimento de todas as disposições (que constitui o “mais alto propósito da natureza”) e o
conseqüente antagonismo de seus membros. A solução kantiana aponta para aquela que se
apresenta como nossa maior tarefa enquanto seres so ciais racionais: a constituição civil. De fato,
esta tornaria viável à natureza o alcance de todos os demais propósitos relativos à nossa espécie. É
através da constituição civil como o poder supremo, que aquela nossa liberdade sob “leis
exteriores” pode unicamente ser, de modo justo, submetida:
É a necessidade que força o homem, normalmente tão afeito à liberdade sem vínculos,
a entrar neste estado de coerção; e, em verdade, a maior de todas as necessidades, ou seja,
aquela que os homens ocasionam uns aos outros e cujas inclinações fazem com que eles
não possam viver juntos por muito tempo em liberdade selvagem. Apenas sob um tal
cerco, como o é a união civil as mesmas inclinações produzem o melhor efeito.
25
Não só a ordem social, mas mesmo todo esplendor cultural e artístico que a humanidade
produziu derivam diretamente dessa insociabilidade à medida que é compelida ao artifício imposto
da sociabilização. Esta, para Kant, promove entre os indivíduos a relação externa da mútua
convocação à moralidade que jaz internamente como dever em cada um. Tanto que o respeito –
praticamente único sentimento justificado no âmbito moral, dado que se produz unicamente pela
razão, não tendo, pois, nada de patológico – é o que nos advém quando encontramos uma pessoa de
elevada estatura moral: o respeito (Achtung) que temos por alguém mostra-se, na verdade,
reverência à lei “plasmada” pelo exemplo posto diante de nós como tal pessoa
26
. Mas a empresa da
sociabilização encerra uma profunda dificuldade.
Na Sexta proposição da Idéia, Kant reconhece que, posto ser um animal, e, como tal, sujeito
a todas aquelas inclinações sensíveis esquadrinhadas na Religião, o homem não pode prescindir de
um Senhor. Sem este, a liberdade de que naturalmente goza seria, relativamente aos outros,
irrefreável. Assim, é necessário que haja uma liderança que, submetendo a vontade particular desse
homem, o obrigue à racionalidade de uma vontade válida para todos e que garanta a liberdade
universal. O problema está exatamente em descobrir entre os homens – afinal, igualmente sujeitos
25
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, pp 10 e 11.
26
Trata-se de experiência reverencial análoga àquela da idéia do Cristo arquetípico, ínsita em nós, como um
homem moralmente agradável a Deus, tal qual é trabalhada na segunda parte da Religião (cf. p.67 e ss.). Nesse
sentido, o respeito ao exemplo da pessoa moral se daria como “cópia”, como éktypos (literalmente, “talhado em
relevo”), enquanto Cristo, nosso archétypon subjetivo (da objetividade da lei moral), seria exatamente seu
modelo.
11
àquelas inclinações egoístas e ao abuso de sua liberdade – este líder, por si mesmo justo. Esta é,
para Kant, a mais árdua das tarefas, pois, sua perfeita solução é impraticável: “(...) de uma madeira
tão retorcida, da qual o homem é feito, não se pode fazer nada de reto: Apenas a aproximação
(grifo meu) a esta idéia nos é ordenada pela natureza”
27
.
Não há, portanto, equação possível para o problema se nos ativermos à idéia de uma
solução de poder individual. Semelhante senhor deveria agregar um conjunto de qualidades
virtualmente inalcançáveis por qualquer indivíduo isoladamente: precisão quanto aos conceitos de
uma constituição possível; toda a experiência cultivada através da história do mundo
(Weltgeschichte); e, sobretudo, uma boa vontade, que esteja pronta a abraçar, desinteressadamente,
a empresa desta constituição. Ou seja, tal missão da natureza não está ao alcance dos indivíduos
enquanto tais, dadas suas limitações e idiossincrasias, mas pode competir tão somente à sua
universalização: apenas a espécie humana pode esperar a aproximação desta destinação natural,
esta perfeição exigida pela racionalidade kantiana, este, por que não, “sumo bem” terreno. E é
justamente neste ponto que podemos ver em ação a teleologia formalist a tão cara ao pensamento
kantiano. É ela que impele o nosso filósofo à pergunta retórica de sua Sétima proposição: “será
mesmo racional aceitar a finalidade das disposições naturais em suas partes e, no entanto, a
ausência de finalidade no todo?”
28
Ora, seria profundamente irracional se estivéssemos destinados enquanto indivíduos à
realização de nossas disposições naturais – embora o progresso inerente na história de nossa
civilização dependa de sua regulação e ordenamento sob estatutos civis – e a mesma natureza,
universalmente considerada, “por meio de uma arte que lhe é própria, embora extorquida do
homem”
29
, se desencontrasse da sua mais elevada finalidade. Mas, notemos, o que valerá na
apreciação da razão prática desenvolvida na segunda Crítica, bem como na Fundamentação da
metafísica dos costumes e, é claro, na Religião, também aqui já se impõe como condição sine qua
non para a consecução do projeto cosmopolita: “(...) todo bem que não esteja enxertado numa
intenção moralmente boa não passa de pura aparê ncia e cintilante miséria.”
30
Isto é, o mesmo dever
que valerá como baliza para as máximas das ações morais do homem, vale também para o gênero
na urdidura e atuação do Estado republicano.
De fato, o télos desse projeto deve ser visto justamente como a co ncretização do encontro
entre a história e a natureza humanas. Tanto que, na Oitava proposição, Kant diz que podemos
27
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 12.
28
Ibidem, p. 15.
29
Ibidem, p. 14.
30
Ibidem, p. 16.
12
[...] considerar a história da espécie humana,em seu conjunto, como a realização de um
plano oculto da natureza para estabelecer uma constituição política perfeita interiormente
e, quanto a este fim, também exteriormente perfeita, como o único estado no qual a
natureza pode desenvolver plenamente, na humanidade, todas as suas disposições.
31
Se pouco divisamos empiricamente algo que indique a existência desse propósito oculto,
isto se deve à própria característica do processo: o tempo que tal percurso exige para se cumprir é
demasiado longo – que é, afinal, o que obriga a sua efetivação apenas na espécie como um todo e
não nos indivíduos tomados isoladamente. Entretanto, assim como os pontuais conhecimentos
astronômicos adquiridos ao longo do tempo foram suficientes para o reconhecimento de
determinadas leis universais no mundo, a experiência possível desse nosso encaminhamento
teleológi co permite a entrevisão de seu princípio geral. Na verdade não faz sentido que nossa
natureza, dada sua disposição racional, lhe seja indiferente, uma vez que podemos esperar que ela
acelere seu advento. E, a despeito de Kant constatar em seu tempo um está gio ainda incipiente para
a aproximação a este fim, a própria circunstância política que presenciava – a formação, entre o fim
do século XVIII e o início do século XIX, dos Estados Nacionais – justificava ainda mais seu
encaminhamento. Embora considerando o Staatskörper de sua época ainda um “esboço grosseiro”
desse futuro corpo político universal, Kant via na artificialidade das relações entre os Estados, além
de uma demonstração mais amplificada daquele mecanismo dialético da “insociável sociabilidade”,
também uma garantia das próprias recém reivindicadas – e até certo ponto conquistadas –
liberdades civis
32
. Então, devemos alimentar a esperança de que, após uma longa série de
transformações, aquele propósito supremo da natureza possa, um dia, ser realizado : o Estado
cosmopolita universal, em cujo seio “(...) podem se desenvolver todas as disposições originais da
espécie humana.”
33
Finalmente, a Nona proposição assinala que o esforço filosófico para a elaboração de uma
história universal mediante um propósito natural, tendo em vista a união civil de nossa espécie,
deve ser considerada não apenas possível, mas favorável à consecução deste mesmo propósito.
Kant retira, portanto, da lógica e da utilidade desta idéia, que abarca até o jogo da liberdade
humana, sua razoabilidade e justificação: sendo “secretas” as estruturas de tal mecanismo, sua
31
Ibidem, p. 17.
32
Tanto que, na mesma proposição (cf. p18) declara que “nenhum deles (os Estados) pode negligenciar a cultura
interna sem perder em poder e influência diante dos outros; assim os propósitos ambiciosos asseguram bem, se
não o progresso, ao menos a manutenção dessa finalidade da natur eza. Mais ainda: a liberdade civil hoje não
pode mais ser desrespeitada sem que se sintam prejudicados todos os ofícios, principalmente o comércio, e sem
que por meio disso também se sinta a diminuição das forças do Estado nas relações externas.” Na esteir a dessas
liberdades individuais Kant chega a identificar a própria liberdade universal de religião.
33
KANT, Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita, p. 19.
13
concepção serve de fio condutor na exposição do sentido da história, planificado, e não um mero
agregado assistemático de nossas ações ao longo do tempo. Kant considera essa justificação (no
fundo, voltada para a esperança) de não pouca monta, chegando a atribuir à natureza assim
entendida a qualificação de Providência, e, como seu corolário, pergunta:
De que serve enaltecer a magnificência e a sabedoria da criação num reino da natureza
privado de razão, de que serve recomendar sua observação, se a parte da vasta cena da
suprema sabedoria que contém o fim de todas as demais – a história do gênero humano –
deve permanecer uma constante objeção cuja visão nos obriga a desviar os olhos a
contragosto e a desesperar de encontrar um propósito racional completo, levando-nos a
esperá-lo apenas em um outro mundo?
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Considerações finais
Se, por um lado, no que tange à realização individual, a razão nos faz pressupor a persistência
de nossa alma e a existência de Deus para a consumação de um concerto entre o cumprimento do
dever e a felicidade, por outro, podemos esperar que haja, engendrando racionalmente o progresso
da espécie humana, um fim que realize todas as nossas disposições para o sumo bem na própria
história. Ambos os aspectos são, na verdade, postulados kantianos. Postulado significa não um
conhecimento teórico-especulativo, mas uma exigência racional a partir do dever e de seu exercício
seja no indivíduo ou na espécie. Não conhecemos especulativamente a liberdade, a imortalidade da
alma, Deus ou a finalidade da história da civilização, mas possuímos uma exigência racional prática
de cada um a partir da nossa ação moral no mundo. Postulamos também, pois, no sentido de situar
um horizonte para realização do nosso dever-ser.
E é para tal realização que Kant emprega o termo “prático” em sua filosofia moral. Este
termo faz referência a um agir normativo, mas que se dá intersubjetivamente. Seus princípios
podem ser máximas (subjetivas), sempre próximas à ação concreta, e imperativos (objetivos) que,
por sua vez, ou são hipotéticos que, numa relação meio -fim, revelam-se condicionais, ou
categóricos, isto é, incondicionados. Contudo, mesmo o imperativo categórico, a despeito de
f ormular aprioristicamente o dever pelo dever, sendo, afinal, um princípio para a ação no mundo
não deixa de atingir também, de certo modo, um objetivo. Há um télos implícito aqui o que,
portanto, nos impede de desconsiderar a finalidade tout court. Kant sabia muito bem que os
resultados de nossas ações morais não poderiam ser ignorados. Ele notou que essas ações
34
Ibidem, pp. 21 e 22.
14
acabariam, forçosamente, tendo um efeito no mundo: sempre existem indeléveis conseqüências
advindas de nossos atos, ainda que sua baliza seja uma forma cuja estrutura tem que ser
universalmente válida.
Como os resultados de nossas ações não podiam permanecer indiferentes à nossa razão,
Kant precisava encontrar, seja na religião ou na história, na realização do homem ou da
humanidade, no outro ou nesse mundo, a conjugação de dois elementos: moralidade e felicidade.
Assim, para ele, a teleologia dos postulados representou a solução racional para a união de ambas;
mediante ela, o agir moral e o sumo bem (ou seja, a conduta meritória aliada à esperança d a
felicidade) tornaram -se compatíveis justamente pela exigência da razão prática: uma exata
proporcionalidade entre a ação e a esperança. Ademais, do contrário, o acatamento do dever seria,
convenhamos, altamente desestimulante para a própria moralidade. Por isso, boa parte do esforço
das reflexões expressas tanto na Religião quanto na Idéia, como vimos, gira em torno da tentativa
do resgate da motivação subjetiva para o agir moral, este, fulcro do pensamento prático kantiano.
E é exatamente por isso, porque seria mesmo irracional aquela indiferença, que logo no
prólogo à primeira edição da Religião Kant, ressaltando o valor motivador da noção de fim último,
declara peremptoriamente que essa teleologia é o que garante realidade praticamente objetiva à
harmonia entre liberdade e natureza:
[...] Não pode, pois, ser indiferente à moral que ela forme ou não para si o conceito de um
fim último de todas as coisas [concordar a seu respeito não aumenta o número dos seu s
deveres, mas proporciona-lhes, no entanto, um particular ponto de referência da união de
todos os fins]; só assim se pode proporcionar realidade objetiva prática à combinação da
finalidade pela liberdade com a finalidade da natureza, combinação de que não podemos
prescindir [grifo meu].
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Em suma, a esperança de alcançar o sumo bem, o ponto de referência que reforça a
motivação do agir moral, é também o ponto em comum que torna possível a compatibilização da
natureza com a liberdade. Ou seja, para Kant, não nos basta, inclusive mediante a razão, que exista
somente a realidade de um mundo em geral do qual façamos parte e do bem supremo moral, o
factum do dever, a primeira experiência de todo ser humano como um comando racional e não algo
que seja posteriormente explicável, que habita-nos, universal e primeiramente, desde sempre, e se
não o cumprimos, sentimos o peso da falha. Mas nos é imprescindível poder esperar que também
exista um mundo – futuro, no caso da história, escatológico em termos de religião – onde imperaria
a moral e, em sua decorrência, a consecução da harmonia entre virtude e felicidade, isto é, o reino
35
KANT, A religião nos limites da simples razão, p. 13.
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dos fins, o reino do sumo bem. Mais. Mesmo se não pudermos ser assim tão felizes, havemos de
querer para os outros, para o conjunto dos homens a felicidade, ainda que proporcionada à medida
da virtude de cada um. E o que sustenta esse “otimismo” teleológico por parte de Kant é o fato de
que, embora provoquemos muito amiúde o mal ao próximo, pela própria mecânica da dialética
proposta naquela idéia de história, esse mal, ainda que rad ical, nunca apaga totalmente a disposição
para o bem que nos é essencial como seres livres e racionais.
Bibliografia
ARISTOTLE. Nicomachean Ethics. Translated by H. Rackham. Cambridge and London: Harvard
University Press, 2003.
KANT, Immanuel. A religião nos limites da simples razão. Trad. Artur Morão. Lisboa: Edições 70,
1992.
_______________. Crítica da razão prática/Kritik der praktischen Vernuft. Ed. Bilíngüe. Trad.
Valério Rohden. São Paulo: Martins fontes, 2003.
_______________. Crítica da razão pura. Trad. Manuela p. dos Santos e Alexandre F. Morujão.
Lisboa: Calouste Gulbenkian, 3ª ed., 1994.
_______________. Idéia de uma história universal de um ponto de vista cosmopolita. Trad.
Rodrigo Naves e Ricardo R. Terra (org.). São Paulo: Martins Fontes, 2ª ed., 2004.
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